A fim de seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde e das Conferências Nacionais de Saúde, o Ministério da Saúde publicou em 2006 a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, a qual prevê abordagens terapêuticas complementares que visam a prevenção e a promoção da saúde, bem como o acompanhamento de doenças crônicas. À vista disso, o serviço de Atenção Primária à Saúde (APS) exerce um grande potencial de atuação para a implementação dessas práticas, entre as quais se destaca a meditação mindfulness. Essa abordagem da meditação é um recurso das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) que envolve a atenção plena, sem julgamentos às experiências no momento presente, além de apresentar um corpo de evidências científicas em relação aos seus efeitos benéficos para a saúde. Diante do exposto e da necessidade de implementação das PICs na APS, este relato de experiência pretende compartilhar a vivência de participar de um primeiro encontro do grupo de mindfulness de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Pelotas/RS. O encontro ocorreu em uma sala da UBS com duração de 15 minutos. Para ambientar a meditação, foi utilizada uma música relaxante por meio de um smartphone e um aromatizador com óleo essencial de lavanda. Participaram, voluntariamente, 8 pessoas integrantes da equipe. A sessão consistiu em uma meditação guiada de 10 minutos, seguida de um espaço para discussão dos sentimentos e percepções dos participantes. Durante o processo, o grande desafio alcançado foi a adesão da equipe, bem como a escolha da duração da prática, visto que para alcançar tempos mais prolongados de meditação é necessária mais experiência. Por outro lado, alguns desafios ainda a serem superados dizem respeito à falta de engajamento dos usuários da UBS, possivelmente devido à pouca divulgação e preconceitos quanto à prática e, também à necessidade de dispor de um local silencioso, especialmente para iniciantes em meditação. Por fim, embora as PICs sejam institucionalizadas, ainda há desafios enfrentados na sua incorporação nas Redes de Atenção à Saúde. Tais obstáculos devem servir como estímulos para a criação de estratégias eficazes de inclusão e adesão dessas práticas no cuidado do paciente na APS.
Comissão Organizadora
Simone da Fonseca Sanghi
Renata Cunha da Silva
JULIETA CARRICONDE FRIPP
Comissão Científica